A obesidade é uma doença crônica complexa, caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, que representa um grave problema de saúde pública em escala global. Longe de ser apenas uma questão estética, o excesso de peso acarreta uma série de prejuízos à saúde, diminuindo a qualidade de vida e aumentando o risco de diversas outras enfermidades.

A forma mais comum de classificar a obesidade é através do Índice de Massa Corporal (IMC), calculado dividindo-se o peso de uma pessoa em quilogramas pela altura em metros ao quadrado (IMC=altura (m)2peso (kg)). Um IMC igual ou superior a 30 kg/m² é geralmente indicativo de obesidade, enquanto valores entre 25 e 29,9 kg/m² indicam sobrepeso. No entanto, é crucial notar que o IMC possui limitações, não distinguindo massa muscular de massa gorda e não considerando a distribuição da gordura corporal, sendo a gordura abdominal (visceral) particularmente associada a riscos aumentados à saúde.

A prevalência da obesidade tem crescido exponencialmente em todo o mundo nas últimas décadas. Dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que mais de um bilhão de pessoas viviam com obesidade em 2022, um número que mais que dobrou entre adultos desde 1990 e quadruplicou entre crianças e adolescentes na mesma faixa etária. No Brasil, o cenário não é diferente e preocupante: aproximadamente um a cada três brasileiros vive com obesidade, e essa porcentagem tem apresentado uma tendência contínua de aumento, segundo dados do Atlas Mundial da Obesidade 2025.

As causas da obesidade são multifatoriais e interligadas, resultando de uma complexa interação entre fatores genéticos, ambientais, comportamentais, sociais e psicológicos. O desequilíbrio energético, onde a ingestão calórica supera o gasto energético, é o cerne do ganho de peso. Uma dieta rica em alimentos ultraprocessados, com alto teor de açúcares, gorduras e sódio, combinada com um estilo de vida cada vez mais sedentário, são contribuintes primários. Fatores genéticos podem predispor um indivíduo ao ganho de peso, influenciando o metabolismo e a forma como o corpo armazena gordura. O ambiente em que vivemos, incluindo o acesso a alimentos saudáveis, oportunidades para atividade física e até mesmo o marketing de alimentos não saudáveis, desempenha um papel significativo. Questões psicológicas como ansiedade, depressão e estresse podem impactar os hábitos alimentares e a prática de exercícios. Além disso, certas condições médicas e o uso de alguns medicamentos também podem contribuir para o ganho de peso.
As consequências da obesidade para a saúde são vastas e impactam praticamente todos os sistemas do corpo. A obesidade aumenta significativamente o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares (como hipertensão arterial, infarto e AVC), diabetes tipo 2, certos tipos de câncer (mama, cólon, endométrio, entre outros), doenças respiratórias (incluindo apneia do sono), problemas osteoarticulares devido à sobrecarga nas articulações, doenças hepáticas, infertilidade e complicações na gravidez.

Para além dos impactos físicos, a obesidade também acarreta um fardo social e psicológico considerável. O estigma e a discriminação enfrentados por indivíduos com obesidade podem levar a problemas de autoestima, isolamento social, ansiedade e depressão, criando um ciclo vicioso que dificulta a busca por um estilo de vida mais saudável.
Combater a obesidade requer uma abordagem abrangente e multifacetada que envolva ações em níveis individual, familiar, comunitário e governamental. A prevenção é fundamental e inclui a promoção de hábitos alimentares saudáveis desde a infância, o incentivo à prática regular de atividade física e a criação de ambientes que favoreçam escolhas saudáveis. O tratamento da obesidade geralmente envolve mudanças no estilo de vida, com acompanhamento nutricional e psicológico, a prática de exercícios físicos regulares e, em alguns casos, o uso de medicamentos ou a cirurgia bariátrica, especialmente em casos de obesidade severa e com comorbidades associadas.
Em suma, a obesidade é uma doença crônica complexa com profundos impactos na saúde individual e na saúde pública. Seu enfrentamento exige um compromisso contínuo com a prevenção, o tratamento e a redução do estigma, visando a promoção de uma vida mais saudável e com maior bem-estar para todos.

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