O Mar Morto, conhecido em hebraico como Yam HaMelah (Mar de Sal), é uma das maravilhas naturais mais singulares do planeta. Situado no vale do rio Jordão, na fronteira entre Israel e a Jordânia, este corpo de água é, na verdade, um lago endorreico (que não deságua em nenhum oceano) e representa o ponto de menor altitude em terra firme, a mais de 430 metros abaixo do nível do mar. Sua fama mundial deriva de sua extrema salinidade, que cria uma paisagem surreal e proporciona uma experiência de flutuação inigualável.

A principal característica do Mar Morto é sua altíssima concentração de sais e minerais, cerca de dez vezes superior à dos oceanos. Essa hipersalinidade impede a proliferação da maioria das formas de vida aquática, daí o seu nome. A densidade da água é tão elevada que qualquer pessoa pode boiar em suas águas sem esforço algum, uma atração turística que atrai visitantes de todo o mundo.
A composição única de suas águas e da lama negra encontrada em suas margens é rica em minerais como magnésio, cálcio, potássio e bromo. A estes elementos são atribuídas propriedades terapêuticas notáveis, especialmente no tratamento de doenças de pele, como psoríase e eczema, além de aliviar sintomas de artrite e outras condições reumáticas. A lama do Mar Morto é amplamente utilizada em tratamentos de spa e na indústria de cosméticos, sendo valorizada por suas qualidades de limpeza e revitalização da pele.

Historicamente, o Mar Morto possui um profundo significado. Referenciado em textos bíblicos, como o “Mar Salgado”, a região ao seu redor foi palco de importantes eventos históricos. Em suas margens, foram encontrados os Manuscritos do Mar Morto, uma coleção de textos de imenso valor histórico e religioso. Figuras como o rei Davi e Herodes, o Grande, buscaram refúgio e lazer em suas proximidades.
Apesar de sua importância histórica e apelo turístico, o Mar Morto enfrenta sérios desafios ambientais. Nas últimas décadas, seu nível de água tem diminuído a uma taxa alarmante, superior a um metro por ano. A principal causa é a redução do fluxo de água do rio Jordão, seu principal afluente, cujas águas são desviadas para atender às crescentes demandas agrícolas e populacionais da região. A extração mineral em larga escala também contribui para o problema.

Este recuo das águas tem gerado consequências visíveis, como o surgimento de enormes crateras ao longo da costa, que representam um perigo para a infraestrutura local. Esforços e projetos de cooperação internacional estão em andamento para tentar reverter ou mitigar este cenário preocupante, incluindo a proposta de construção de um canal que ligaria o Mar Vermelho ao Mar Morto, uma solução complexa e de alto custo.

O futuro do Mar Morto é uma incógnita que depende de ações coordenadas e sustentáveis. Preservar este patrimônio natural e histórico é crucial não apenas por sua beleza e singularidade, mas também por seu valor econômico e cultural para os países que o compartilham. O Mar Morto, com sua paisagem deslumbrante e propriedades curativas, permanece como um lembrete da delicada interação entre a natureza e a ação humana.

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