A dengue é uma doença febril aguda causada por um vírus transmitido principalmente pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. Esta arbovirose é um significativo problema de saúde pública no Brasil, especialmente durante os meses mais quentes e chuvosos, que favorecem a proliferação do mosquito vetor.

Transmissão e Sintomas

O vírus da dengue (DENV) possui quatro sorotipos conhecidos (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). A infecção por um sorotipo confere imunidade permanente contra ele, mas a pessoa continua suscetível aos demais. Uma infecção subsequente por um sorotipo diferente aumenta o risco de desenvolver formas graves da doença.

Os sintomas da dengue podem variar de leves a graves e geralmente surgem de 4 a 10 dias após a picada do mosquito infectado. As manifestações mais comuns incluem:

  • Febre alta (acima de 38.5°C) de início abrupto
  • Fortes dores de cabeça, principalmente na região frontal
  • Dor atrás dos olhos
  • Dores musculares e nas articulações intensas
  • Fadiga e mal-estar
  • Falta de apetite
  • Manchas vermelhas na pele

Em alguns casos, a doença pode evoluir para formas mais graves, como a dengue grave (anteriormente conhecida como dengue hemorrágica). Os sinais de alarme para a dengue grave incluem:

  • Dor abdominal intensa e contínua
  • Vômitos persistentes, podendo conter sangue
  • Sangramento de mucosas (gengiva, nariz)
  • Manchas roxas na pele
  • Letargia ou irritabilidade
  • Hipotensão postural (tontura ao se levantar)
  • Dificuldade respiratória
  • Acúmulo de líquidos

Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico da dengue é feito com base nos sintomas clínicos e pode ser confirmado por exames laboratoriais, como a contagem de plaquetas e testes específicos para identificar o vírus ou anticorpos.

Não existe um medicamento antiviral específico para tratar a dengue. O tratamento é sintomático e focado principalmente na hidratação vigorosa (oral ou intravenosa, dependendo da gravidade), repouso e alívio dos sintomas. É crucial procurar um serviço de saúde ao surgirem os primeiros sintomas para diagnóstico e orientação adequados. Alguns medicamentos, como os salicilatos (aspirina) e anti-inflamatórios não hormonais, devem ser evitados, pois podem aumentar o risco de sangramentos.

Situação da Dengue no Brasil

O Brasil enfrenta historicamente epidemias de dengue. Segundo dados do Ministério da Saúde referentes ao início de 2025, o país registrou mais de 500 mil casos prováveis de dengue até março, com um coeficiente de incidência de aproximadamente 236 casos por 100 mil habitantes. Apesar de expressivo, este número representou uma redução em comparação com o mesmo período do ano anterior. Alguns estados, como Acre, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Goiás, apresentaram alta incidência. O Ministério da Saúde tem intensificado ações de vigilância, controle do vetor e assistência aos pacientes, incluindo a distribuição de testes rápidos. A circulação de diferentes sorotipos, como o DENV-3, também é motivo de alerta para as autoridades de saúde.

Prevenção: A Principal Arma

A prevenção é a forma mais eficaz de combater a dengue e baseia-se fundamentalmente na eliminação dos criadouros do mosquito Aedes aegypti. Cerca de 75% dos focos do mosquito estão localizados dentro ou no entorno dos domicílios. As principais medidas preventivas incluem:

  • Eliminar recipientes que possam acumular água parada (pneus velhos, vasos de plantas, garrafas, calhas entupidas, etc.).
  • Manter caixas d’água, tonéis e outros reservatórios de água devidamente tampados.
  • Colocar areia nos pratos dos vasos de plantas ou lavá-los semanalmente.
  • Limpar regularmente calhas, ralos e lajes.
  • Descartar o lixo corretamente em sacos plásticos bem fechados.
  • Lavar semanalmente com água e sabão os recipientes de água dos animais de estimação.
  • Permitir o acesso dos agentes de combate a endemias em sua residência ou estabelecimento comercial.

Além do controle do vetor, medidas de proteção individual também são importantes:

  • Usar repelentes, especialmente durante o dia, período de maior atividade do mosquito.
  • Vestir roupas que cubram a maior parte do corpo, se possível.
  • Instalar telas em portas e janelas.

Recentemente, a vacinação contra a dengue surgiu como uma ferramenta adicional de prevenção. O Ministério da Saúde iniciou a incorporação da vacina no Sistema Único de Saúde (SUS) para públicos prioritários, mas é fundamental ressaltar que a vacinação não elimina a necessidade das medidas de controle do mosquito.

A luta contra a dengue exige um esforço conjunto do poder público e da população. A conscientização e a participação ativa de cada cidadão na eliminação dos criadouros do mosquito são essenciais para reduzir a incidência da doença e proteger a saúde de todos.


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